O aviso foi feito por Vint Cerf, um dos chamados ‘pais’ da internet: se nada for feito para armazenar informação e para a disponibilizar no futuro, podemos estar a entrar numa ‘Idade das Trevas digital’.
O motivo é simples. Os dados que hoje guardamos num computador podem simplesmente desaparecer da memória logo que os softwares que os armazenam se tornem obsoletos. Se guardarmos imagens em determinado programa, por exemplo, ou num determinado sistema, logo que haja uma actualização de um ou de outro – ou de ambos – essas imagens podem ficar, de facto, guardadas mas nunca mais poderão se vistas.
A preocupação é grande: “Com o passar do tempo, vamos ter vastos arquivos de conteúdo digital sem sequer sabemos do que se trata”, disse Cerf à BBC. Esta preservação é a base do trabalho actual deste especialista. Uma das ideias que tem tentado pôr em prática é ‘guardar’ cada software e cada hardware numa espécie de museu digital armazenado em servidores na chamada ‘cloud’ (nuvem). Isso possibilitaria a qualquer um o acesso a ficheiros, documentos, imagens ou sons em qualquer formato, mesmo que ele já tivesse desaparecido do mercado.
O problema não desaparece com esta solução. E Cerf está consciente dessa dificuldade. Os detentores desse ‘museu’ terão de ser empresas e são raras as que sobrevivem mais de 100 anos. Em épocas de crise como a nossa, muito menos. Por outro lado, a omnipresença do ‘mercado’ não ajuda – o tal museu virtual não dá lucro, por isso, não tem interesse e, numa economia como a nossa, nem sequer terá direito a existência.
Cerf propõe, para remediar a situação, a possibilidade de transportar essa informação de uma nuvem para outra, logo que uma empresa entrasse em colapso. Mas o perigo do esquecimento ou das ‘brancas’ na memória de épocas inteiras mantém-se…
0 comentários:
Postar um comentário